Falsa Liberdade
A constituição prega que somos cidadãos livres. Mas onde está a liberdade em agir cada vez menos como se deseja e cada vez mais como se é obrigado?
Quando eu era adolescente, minha prisão era minha casa, e o meu ditador era minha mãe. Queria desfrutar das possibilidades que o mundo exterior ao meu quarto podia me proporcionar.
Hoje, depois de já minha ‘pena’ cumprida, eu me observo e me indago: Agora estou realmente livre? Os mínimos desejos, são veridicamente atendidos?
Não é necessário um esforço extravagante para a resposta surgir. Infelizmente, a resposta é ‘não’. Sinto que no exato momento em que fui liberada da penitenciária da adolescência, entrei na da vida.
É fácil perceber o cárcere que nos cerca, a nós todos, seres humanos equilibrados e cidadãos de bem. Apenas se pergunte qual o último lugar ao qual você foi sem receios. Qualquer que seja o receio. Desde um roubo à um homicídio.
E eu me pergunto: Quem se tornou o novo ditador de minhas ações e dos locais que posso ou não visitar?
Ir à uma praia. Pegar um ônibus. Sentar no banco de uma praça. Atender o celular. Estacionar o carro. Andar na rua...
Os limites parecem estar cada vez menores. As possibilidades de preocupar-se apenas com seus próprios atos estão cada vez mais extinguindo-se. Temos que nos preocupar com os outros e suas atitudes. Cada vez mais.
Vivemos numa falsa liberdade. Um regime semi-aberto que na verdade não é tão aberto assim, nem nos momentos de 'liberdade'. E o mais deprimente dessa situação, é que não sabemos a duração da pena. Além é claro, de não haver libertação por bom comportamento.
Flor de Lótus
07/04/11
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