Eu sou mesmo assim
Eu sou mesmo assim. Com meus olhos um cadinho puxados, meus longos cabelos enegrecidos com ponta clareadas por uma tinta qualquer vermelha que nunca fixa totalmente.
Eu sou mesmo assim. Com meu rosto sempre enquadrado por um óculos retangular de grau, com lábios pequenos como de bonecas graças aos olhares de uma mãe gestante.
Eu sou mesmo assim. Com meu sorriso, vez ou outra, debruçado em gargalhada bruxesca e escandalosa; com meu olhar quase sempre indagador.
Eu sou mesmo assim. Com minha face amarela quase nunca pintada por pó de rosto ou base, mas com algumas presenças de lápis, rímel e de vez em nunca, sombra.
Eu sou mesmo assim. Com meus pequenos brincos prateados - por odiar os amarelos, ou com meus enormes brincos de penas e também os artesanais.
Eu sou mesmo assim. Com meus longos vestidos e saias indianos e/ou hippies, sempre com minhas percatinhas sem salto, pois não tenho problema em ser baixinha.
Eu sou mesmo assim. Com um copo ou uma garrafa de vinho sempre por perto, ou degustando drink's à base de sorvete e coberturas, como uma quase criança.
Eu sou mesmo assim. Quando ouço músicas relaxantes como Enya, Loreena McKennitt e mantras Hindus; ou quando preciso de um som como Slipknot, Korn e Lacuna Coil; quando preciso rir e descontrair com Wander Wildner, Matanza e Seminovos, ou ainda quando necessito da dor que Los Hermanos, Legião Urbana e O Teatro Mágico me causam.
Eu sou mesmo assim. Aprendendo a ter novos gostos ou novas dores, quando ouço Oswaldo Montenegro, Chico Buarque, Madredeus, Shamam ou Within Temptation, que cortam minha alma de lembranças dolorosas, de tempos difíceis.
Eu sou mesmo assim. Com minhas unhas pintadas de vermelho, preto ou roxo (depois de muita preguiça minha) com algumas rasuras nos dedos porque odeio salões de beleza e derivados.
Eu sou mesmo assim. Com minha mania de pegar sapinhos e lagartixinhas e ficar acariciando, ou quando danço “um pouco” bêbada com meus gatinhos.
Eu sou mesmo assim. Com as manchas roxas que saem em meu corpo por emoções fortes ou pelo meu extremo desastramento e que nunca lembro onde bati.
Eu sou mesmo assim. Com meu olhar observador da natureza que me cerca. Da lua que nasce, do sol que se põe, dos galhos das árvores que se assemelham à braços humanos.
Eu sou mesmo assim. Com minha necessidade masoquista de sentir dor e de tentar exorcizá-la de mim através das palavras, que desde minha infância me seguem e perseguem.
Eu sou mesmo assim.
Flor de Lótus
17/01/11
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