Resgate de mim mesma:
Já está amanhecendo e eu sinto frio,
Houve um tempo em que tudo passou despercebido
Como seu retorno em minha vida.
Novamente coisas são sentidas
Sua presença, ainda que ausente, me é reconfortante.
Houve uma época em que eu não gostava do que era
Mas agora que já senti como que é estar do outro lado,
Eu vejo que nem tudo daquele tempo devia ser mudado
E eu quero voltar certas coisas
Certas sensações.
Gostaria de escrever como antes
Quase não me reconheço mais
E sinto mais falta de mim mesma agora,
Eu não podia perceber na época
O quanto eu realmente era eu
E o que eu era,
Não sei se mudar de lado me fez tão bem
Quanto eu imaginava que faria.
Agora eu sei o que é ser vazia
Quase uma total falta de originalidade,
Preciso sentir as coisas como antes
Quero meus olhos de volta
Não sei o que os cegou,
Talvez a descrença e desilusão.
Como eu gostaria de poder sentir o mundo como antes
De poder descrevê-lo com tanta precisão de opinião
Com tanta clareza para mim mesma,
Que ainda hoje ao lê-los
Eu tenho tanta certeza do que eu realmente sentia
E do quanto era bom,
Embora parecesse ser um fardo grande demais
Ver o mundo como ele realmente era.
Eu clamo para meu íntimo
Mas ele não me ouve mais.
Eu ouço os pássaros cantando
E o sol raiando calmamente
Fazendo o frio passar tão lentamente
Que quase passa despercebido,
Tudo continua igual
Menos minhas sensações com relação à isso.
Preciso resgatar minha união com a natureza
Com o mundo em que eu vivo
Ainda que não me ache fazer tanta parte dele,
Nem que seja como uma observadora eu
Preciso sentir tudo aquilo de novo
E você não sabe o quanto pode me ajudar.
Talvez não seja nunca igual
Mas eu preciso tentar
Eu preciso saber que tentei de tudo
Que não deixei tão fácil esse sentimento se esvair,
Preciso dar o melhor de mim
Ainda que não seja ainda forte o suficiente
E que talvez não chegue a ser.
Flor de Lótus
2006
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