O reencontro
Fim
Depois dessa afirmação ambos deram gargalhadas e começaram a lembrar dos detalhes, de forma que a tensão que se instalava ali foi se dissipando, mas quando o clima estava quase fácil de sobreviver, a música em questão tocou no rádio. Ou os Deuses estavam brincando com o poder de resistência deles ou isso definitivamente era um sinal. Será que, parafraseando Paulo Coelho, o universo conspirava ao favor deles? Não pode mais haver racionalidade e eles foram atraídos um para o corpo do outro, mecanicamente.
Finalmente os íons de cargas opostas que havia neles foram enfim aproximados, e seus corpos reconheceram-se, suas almas tornaram-se novamente as de anos atrás. Sentiram-se assim, tocaram-se assim, amaram-se assim. As mãos de Nicole sentiam o calor das costas de Heitor e deslizavam suavemente entre suas costas e sua nuca, enquanto as dele apertavam fortemente sua cintura, enquanto sua boca aproximava-se do seu pescoço e ele inalava o cheiro dos cabelos de Nicole. Outra certeza de inalteração: o cheiro do corpo de Heitor, continuava o mesmo, inesquecível.
Tudo que haviam vivido após aquela época foi esquecido, não haviam mais pessoas, não haviam mais experiências, apenas eles e o que desejavam fazer, sem nada para impedi-los. Beijaram-se incontrolavelmente e Nicole pode sentir novamente o doce sabor vinícula dos lábios e língua de Heitor. O mesmo corpo, o mesmo cheiro, o mesmo beijo. Durante a dança logo foram transportados para a atmosfera adolescente que os envolvera anos antes, suas almas possuíam o mesmo amor e inocência.
- Que bom sentir você de novo Heitor. Te amo tanto. Desculpa nunca ter falado.
- Também te amo. Quero você, que saudade.
A partir da dança de hoje, Heitor e Nicole não foram mais os mesmos. Suas peças de roupas foram sendo retiradas docemente e no sofá eles se amaram, como jamais, antes ou depois daquela noite vernal de sexta-feira. Os corpos que ali se encontraram e encaixaram já se pertenciam animicamente e precisavam terminar o que antes haviam iniciado, precisavam do prazer total, do ápice da volúpia. Ali eles adormeceram: entre mãos, braços e pernas entrelaçados.
Certa hora da madrugada Nicole acordou Heitor, sua namorada havia telefonado e ele não acordara, ela devia estar preocupada e ele tinha de voltar para casa, para ela. Ele tomou banho pois não podia chegar em casa com o seu cheiro, mas desejava permanecê-lo em sua pele. Antes de Heitor partir Nicole disse que dormiria com seu odor no corpo, que sonharia com cada movimento, cada sensação, cada gemido. E despediram-se com um abraço profundo e duradouro.
Nicole voltara para o computador, com toda inspiração renovada para terminar seu conto, ela sabia então cada palavra que ali redigiria. Depois de terminado postou-o em seu blog. Alguns minutos após ela recebeu um e-mail de Heitor, cujo ela abriu ansiosamente.
“Essa foi umas das melhores noites da minha vida, e tenho certeza que palavras não a descreveria da mesma forma que eu a sinto. Amar você certamente foi a coisa mais linda que eu fiz na vida. Você está marcada em mim, tal qual a tatuagem que fizestes e que representa aquilo que um dia fomos. Jamais esquecerei a você ou a essa noite. Independente do seu cheiro ter aparentemente saído de meu corpo, eu o guardarei docemente em minha mente. Não precisa responder ao e-mail, sei que você sabe o porquê. Beijos e uma ótima noite.”
Heitor
P.S.: Acabo de ler o conto, ficou perfeito. Assim como você.
Flor de Lótus
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