Dor e Viver:
Não... eu não suporto mais as idas e vindas de tal sensação mundana, é dor, morte de apenas existir, respirar, sonhar ou viver. Morte e vida neste mundo físico, tão decadente, tão contraditório, dor, solidão e agonia.
Pior dor, pior veneno é respirar esse mundo de convenções e máscaras, onde se dá valor à casca, ao embrulho, ao ter ao invés do ser. Dentre os sofredores solitários também vejo isso... Não é algo apenas dos livres de maldição, dos normais, é algo que mesmo os degradados sentem, e não volta, remédio ou consolo para isso.
Perco-me nesse vale pantanoso, de árvores sem vida, contorcidas, mortas pela tristeza de apenas existem. Água fétida, todo, ossos que boiam e que servem de morada para os vermes, esses sim, com interesses mesquinhos de carne, da pós-existência.
Não, não me digam em resignação, palavra que tantas vezes ouvi nesta e em outras dimensões, dizem: “o peso do fardo parece menos visto de cima”, mas é aqui em baixo, com todas as minhas fraquezas, ódios, temores, lástimas, dores sem fim, que tenho que sobreviver ao invés de viver. Numa condição em que apenas me resta como parceira, a dor.
Uma dor faz-me esquecer da outra, um sem fim de fios de cabelo arrancados, queimados, veias comprimidas, respiração acelerada, angústias, mágoas, rancores que enegrecem cada vez mais e ferem minha mente, meus olhos... Ah! Meus olhos, pela mente perturbada são levados a me mostrar visões tenebrosas, as quais como um semilouco me esforço para deter, mas o animal em mim tenta olhar, farejar, cortar, morder, dilacerar a presa sem piedade.
Dor, viver, dor, viver, vivo e sofro nesta alternância de nomes que preferiria apagar da minha alma, e retornar para aquele que me observa desde o inicio dos tempos... Se houvesse um meio de ao menos diminuir o gosto do sangue da boca e olhar as flores, eu faria, eu agiria...
Mas como esperanças me resta apenas continuar como um condenado que anda no vale das sombras, tendo apenas, e às vezes, raras vezes, a visão do sol, ainda que cercado de nuvens cinzentas e calmas, antes de empurrá-lo para os confins do universo... Solidão, solitário, lágrimas... lágrimas.
Mas como esperanças me resta apenas continuar como um condenado que anda no vale das sombras, tendo apenas, e às vezes, raras vezes, a visão do sol, ainda que cercado de nuvens cinzentas e calmas, antes de empurrá-lo para os confins do universo... Solidão, solitário, lágrimas... lágrimas.
Secreto
Fevereiro 2010
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