O Ato de escrever, e Eu
A princípio, como tantos outros relatos e outras pessoas, comecei a escrever pela necessidade de expôr em palavras os sentimentos que pareciam me triturar por dentro; então, para não ser por eles destruída, transformei-os em poesia.
Talvez, exatamente por essa motivação tão íntima e pessoal, eu não me importava com métrica, forma, beleza visual ou com a compreensão de outrens, até porque não os fazia para serem lidos. Apenas quem realmente me conhecesse, ou soubesse do momento em que os escrevera, veria algum sentido no que eu escrevia, poderia entender e “racionalizar” os textos.
Atualmente, até pela vontade de enveredar pelo lado acadêmico da Literatura, tenho mudado e, de alguma forma, me preocupado mais com a forma de expressar esses sentimentos, mas jamais os excluindo do ato da escrita, pois acredito que não há como escrever sem pôr sentimento.
Não busco, necessariamente, racionalizar o que escrevo, apenas transformá-los no mais bonito e transparente quanto eu puder. Para mim, os sentimentos são a gasolina do ser humano, independente de quais sejam, são sempre os responsáveis por seguimos em frente e realizarmos qualquer ação em nossa vida.
Música é algo que me auxilia no meu processo de escrita. Tanto me dá idéias, como me dá inspiração mesmo, no sentido mais abstrato da palavra. E além desses motivos, ela, ao menos na minha percepção, nos proporciona a sensação de transfiguração, nos transporta para onde quisermos. A música nos faz ser, ao menos no momento em que a ouvimos, o que desejamos.
Dessa preocupação, de não mais apenas desabafar e me limpar internamente, surgiu a necessidade, de quem sabe, permitir através de meus textos que outros também aliviem-se, ou simplesmente sintam-se melhor, de alguma forma e por algum motivo. Com essa nova necessidade, surge também a de expressar meus sentimentos e ideias da melhor forma possível, que se faça inteligível.
Esse é uma das minhas maiores dificuldades é tentar sempre me fazer entendida. Outro cuidado é com a repetição de termos e de histórias, o receio de cair no clichê, principalmente pelo fato de que, hoje em dia, no escrevo apenas para desabafar, mas também porque gosto do ato em si. Criar histórias, e fazer com que as pessoas se interessem por elas, tenham ideias a partir das leituras, e, quem sabe, vontade de também escrever suas próprias histórias.
Para resolver – ou o menos tentar – eu pratico a escrita com frequência, tentando me colocar através do olhar do leitor. Volto e tiro palavras, frases, pontuações. Volto e ponho palavras, frases, pontuações. Tudo para que eu sinta que o texto está o mais perfeito possível. Sinto que estou melhor, embora ainda deseje mudar coisas em meus textos após algum tempo de escritos e postados. Acredito que tenho um talento – além do gosto e necessidade - para escrita, e que preciso apenas lapidá-lo melhor, para que a beleza seja visível a outras pessoas.
Não saberia identificar se há alguma parte mais difícil no momento de escrever um texto, pois isso é muito relativo. Se a ideia é daquelas que tira o sono, que chega ao ponto de você no conseguir executar nada bem até externá-la, escrever torna-se consideravelmente fácil, é simplesmente lapidá-lo depois. Caso haja a necessidade de escrever, mas ainda não se saiba exatamente o quê, ou como expressar, unir as palavras torna-se muito doloroso. É quase como uma doença que no se sabe a cura, ou um remédio que não faz efeito.
Talvez, o mais fácil seja escrever sobre aquilo que pensamos e desejamos, simplesmente queremos; e o mais difícil, seja escrever sobre algo que outra pessoa tenha pensado e desejado, que outra pessoa queira. Como por exemplo, um texto que seja solicitado sobre um determinado assunto, com prazos de entrega etc. Contudo, ainda assim, para quem escreve com uma certa frequência, são pedras no meio do caminho, que não atrapalham a andada, apenas a tornam mais valorizada.
Flor de Lótus
Agosto 2011