Silêncio Perfeito
Silêncio noturno que tanto adoro
Suas luzes amareladas, dos postes
Refletindo a sombra projetada por meu corpo;
Andando pelas ruas vazias e inertes
Aproveitando toda a solidão
E o silêncio da natureza da noite.
Poucas pessoas arriscam-se nessa descoberta noturna:
Uns poucos que passam com seus carros
Desconfiados e com luzes ofuscantes
Observando-me com indagação nos olhares;
E remotos felinos que soltam seus gritos de cio
Frequentando os telhados em brigas
Ou correndo nas esquinas escuras.
Continuo meu percurso pelas ruas despovoadas
Sentindo o ar frio que levemente me cerca
Ouriçando todos os poros do meu corpo;
Gosto da sensação dos meus cabelos frios
E da resta que eles formam nas calçadas
Enquanto o vento os balança.
Gosto da sensação de existência única
Da tranqüilidade em sentir algo que não fala
Mas me ouve secretamente;
Observando o céu de um negro azul-escuro
Com algumas estrelas que se arriscam a aparecer
Compartilhando o espaço celeste com a lua.
Meu divã é a noite e seu silêncio
Um silêncio perfeito
Onde a alma se revela através das expressões;
Palavras são desnecessárias e inexistentes
Pois são facilmente manipuladas.
Eis o silêncio perfeito: o dos olhos.
Flor de Lótus
Outubro 2010
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