Sentir
Em mais uma de minhas conversas informais, via msn, com um amigo meu, em um momento de 'emputecimento', falei que odiava melhor do que amava. Não sei o quanto isso pode ser bom, mas me parece real – ao menos em alguns momentos, como os de agora.
Não sei ao certo a partir de quando me deixei deixar de 'sentir', mas quando essa sensação se apossa de mim – por poucos minutos, diga-se de passagem – parece ser tão intensa e mais profunda do que qualquer um jamais a sentiria.
Acho que eu não vou para o céu, mas isso não era exatamente uma novidade, então... Busco dentro de mim algumas sensações perdidas que me façam 'sentir': pelo outro, no outro, através do outro, porque às vezes apenas mim mesma parece uma suficiência tão insignificante...
Houve uma época em que apesar de não 'gostar' das pessoas, eu as sentia, ainda que me sentindo diferente delas. Eu via diferente, desejava diferente, vivia diferente, mas talvez eu fosse mais humana, ao menos no quesito 'sentir'.
Um outro amigo – um mero curioso, como ele se auto-intitulava - me disse uma vez, que o segredo da vida, da Magia, estava em Sentir. O que eu posso dizer que sinto agora? As lágrimas que escorrem de meus olhos? O som que ultrapassa meus tímpanos? A dor que fere meu coração? A descrença de minhas lembranças?
Algumas pessoas me fazem bem, me permitem algum tipo de identificação, ainda que momentânea, ainda que de uma forma um pouco distante. Mas por quantos minutos isso dura? Após quantos sorrisos simplesmente desaparece de minha alma?
Eu tomo meu vinho, eu fecho meus olhos, eu canto e sinto a música, meu corpo segue um ritmo incontrolável e irracional, nada parece me fazer tão melhor, fora claro ouvir determinadas músicas que me inspirem a escrever e desabafar aquilo que está intrínseco em mim.
Tenho vivido dias assim: música, vinho e dança – não necessariamente nessa ordem, mas mais ou menos nessa sequência. Me parece que fui construindo um novo coração com as pedras que ultrapassei. Minha racionalidade parece estar me superando, e não sei ao certo o quanto isso pode ser bom, pois ela ainda se choca com minhas emoções.
Eu ainda tenho locais especias para ir quando estou 'um pouco mal', esses lugares são um pouco secretos, mas parecem não ser os mesmos de antes, ou, não quero enxergar, que eu quem não sou a mesma. Eles continuam lá, vazios, inertes, à minha espera.
Não se pode ter tudo, e isso está tão firme em minha mente, faz parte das minhas maiores e poucas certezas, não sei bem ao certo o porquê de ainda tentar lutar contra. Talvez seja uma boa razão pela qual viver, pela qual respirar.
Flor de Lótus
2010
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