Sobre a Fidelidade
Ô palavrinha que assusta! Uma vez, a long, long time ago, um alguém falou que, apreciava a lealdade mais que a fidelidade. E então aquilo perseguiu minhas idéias mais íntimas, desde então. Não lembro se a(o) dita(o) cujo explicou o porquê, creio que seria algo como, fidelidade ser a atitude, e lealdade o sentimento. De forma que, trair seria permitido, desde que fosse apenas corpo. Bem, sabemos que, existe o significado “oficial” das palavras, que nos é dado pelo dicionário, e o significado “social” da palavra, que é o seu sentido transformado, dado pelo povo. Comecemos então do que, teoricamente, veio a priori. Meu já conhecido minidicionário Luft, explica-me que, Fidelidade nada mais é que: 1. Qualidade de fiel. 2. Lealdade. 3. Exatidão; pontualidade. Enquanto que, Lealdade é: Substantivo feminino do adjetivo Leal: 1. Franco; sinceridade; cordial. 2. Cumpridor de compromissos; fiel. Quando ouvi a pessoa citar essa “diferença”, a primeira noção que me veio à mente foi que, eu não sabia bem que havia diferença entre ambas as palavras, ou talvez, nunca havia mesmo pensando sobre. Então, em meu subconsciente inexperiente, comecei a divagar sobre as suas possíveis diferenças e/ou semelhanças. Vou usar-me como o “senso comum” das palavras. Para mim, de cara, não pude analisar diferenças, ambas, visto que, todas ao meu ver, significavam cumprir com o prometido. Minha primeira diferenciação, se daria na atuação destas: a primeira para mim, se daria em um relacionamento homem/mulher (ou homem/homem, mulher/mulher – sem homofobismos, por favor); a segunda, em qualquer relacionamento onde houvesse a “palavra dada”, como referência. Mas, observando suas reais significâncias, não parecem ser distintas, ambas se completam, se associam, nada há que as afaste, portanto, ser fiel ou leal, tanto faz. Ainda assim, existe uma possível contradição em suas igualdades, que seria aquela palavrinha franco; sinceridade. Seria possível que, lealdade fosse o ato de assumir os erros, as ações, ainda que estas não fossem corretas, enquanto que fidelidade fosse o ato de não errar? Acredito que esta seria uma definição mais aproximada do que a população entende por uma e outra, do que sua real definição. Visto que, o dicionário não é exatamente claro neste quesito, pode-se deduzir o que for querido dele. Mas é necessário percebermos que, em uma mesma palavra, ele põe duas definições que podem se chocar, que são o franco e sincero, com o cumpridor de compromisso. Levemos então estas definições para o campo das ações. Digamos que, pessoa A tem um relacionamento amoroso como pessoa B, ambas são, ao menos em tese, monogâmicas, pertencendo apenas uma a outra. E então, pessoa B, como diria Dinho Ouro Preto: sob um leve desespero, envolve-se com outrem, mais do que deveria. Pronto, o feito está feito! Pessoa B pode não contar, sendo já então infiel, ou pode contar, sendo então sincero, em outras palavras: leal. Se voltar o olhar de forma mais milimétrica, é possível observar que, enquanto uma fala da atitude em si, a outra fala da sensação, do pós-ação. E aí sim, dessa forma, como aquela pessoa havia dito lá no início de tudo, ser leal vai além de ser fiel, de forma a ser mais sublime, além, acima. Talvez isso sirva para aqueles que, querem perdoar alguém por um erro, e precisam de uma “desculpa”, talvez isso ajude quem cometeu um erro a se pedir “perdão”, mas para mim, nada justifica a palavra dita e não cumprida. Está certo que os seres humanos são imperfeitos, erram, e merecem chances, mas não creio que isso se aplique a todos. É claro, tudo não se aplica à tudo, como já disse muito antes em um poema meu, nem tudo é para todos, traição, perdão, são utilizados cada um, em sua circunstância específica, situação singular, é necessária outras análises. Pedir desculpa ou perdão, me parece bem mais fácil que negar a tentação. Por que ninguém diz que ser fiel é saber escolher entre o agora e o sempre? Não importa o quanto você não fale, a menos que você seja um bom/boa ator/atriz, carregará isso em sua mente, que, porventura, irá influenciar, ainda que imperceptívelmente, em suas atitudes. Mas, é para isso que existe a Lei Tripla, a natureza é perfeita, e nisso eu acredito.
Flor de Lótus
07/08/10