Um andarilho que encontrei certo dia
Me disse que memórias são eternas
E com elas, as sensações despertadas
Apenas necessitando fechar os olhos
E deixar-se levar pelas lembranças.
Me explicou que lembrança e saudade
São diferentes, embora se pareçam
Enquanto a primeira relembra situações antigas já findadas
A outra tem por sua vez, a vontade da repetição.
Muito sábio era este andarilho.
Perguntei como reconhecer com os olhos fechados
Quando uma e outra se sucedia
E ele me respondeu, que apenas a alma sabe isso
E os olhos não fazem parte – necessariamente – da alma.
Senti seus dedos leves sobreporem-se em minha testa
E percorrerem minha face e nuca
E pude então concentrar-me no mais profundo de minha mente
E sentir então minh'alma, e não foi preciso abrir meus olhos
Para saber o quanto ele era alguém da minha memória.
Mas como uma ave que passa seu tempo em determinada terra
E parte deixando seus descendentes solitários
Ele deixou-me com o pouco da sabedoria que me proporcionou
E então, tive dele lembranças.
E agora, tenho dele, saudade.
Flor de Lótus
22/12/09
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