Mais uma confidência
“Escrevo porque sinto a necessidade de expor todas as sensações que me permeiam profundamente, a alma inquieta e observadora que possuo. Não me interessam os elogios – embora me comovam; não me entristecem as críticas – embora as lamente e me autoquestionem. Vivo para transformar sentimentos em palavras – sejam eles bons ou não. Não preciso de perguntas, mas busco respostas. Não preciso de pessoas – mas tento entendê-las, confundir-me entre elas, camuflar-me de normal, de gente, de pessoa. Pretendo sentir-me livre do peso das observações, das minúcias do dia-a-dia que me sufocam, me cercam, me envolvem. Escrever sobre o que sinto, é dar a possibilidade de estranhos sentirem-se íntimos, de ver-me da forma como realmente me sinto, de enxergar através de meus olhos o meu espírito, dá-me a sensação de contato, de entrosamento, de existência, de ser um ser, ser humano mesmo. Aquilo que extravaso é o que mais me machuca, meu ponto fraco, meu calcanhar de Aquiles, assuntos sobre os quais tento normalizar e tornar banal, para que eu sobreviva e me sobreponha à eles, transformando-os em comuns, simples. Dias vão e vem, novas visões ocorrem, novas pessoas surgem, novas almas nascem, a vida segue, o dia termina, outro chega, e novamente eu me sobreponho à ele, ou não. Dúvidas, medo, dores, amores, amigos, saudade, lembranças, lágrimas, risos, ódio, amargura, ressentimento – as sensações não se findam, se multiplicam. E eu, continuo aqui, com palavras a mais, sentimentos a menos, amadurecendo diante de cada cena, de cada cenário, de cada ator e atriz que da minha peça íntima faça parte.”
Flor de Lótus
24/11/09
Um comentário:
Demorou a atualizar. Mas o fez em grande estilo!
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