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Todas
as noites o mar se agita, suas águas salgadas alcançam a
superfície, docemente ouço seu sussurro abafado. Então, nesse
momento, a solidão pousa suas mãos em meus cabelos. Os acaricia até
a sonolência, na tentativa de tornar-me menos solitária. Não sei
se sua presença me multiplica ou subtrai, mas sei que é ela quem
sempre me segue. Todas as noites, sem perguntas ou deduções,
sem esperar que eu diga mais do que estou pronta para.
O que pode ser mais doce que as mãos da solidão acalmando sua alma? Justo no momento em que tudo está tão salgado. Um mar tempestivo a cada anoitecer. E ela é a única que me acompanha, partindo-se apenas quando durmo. Não há música, não há palavra, que acalme meus medos e anseios, desejos e necessidades. Há apenas ela, todas as noites, a me completar.
Sempre.
Sempre. Sempre.
Outubro 2014
Flor de Lótus